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Além da telemedicina e da telessaúde: o caminho da saúde digital no Brasil

Além da telemedicina e da telessaúde: o caminho da saúde digital no Brasil
Além da telemedicina e da telessaúde: o caminho da saúde digital no Brasil

Com a publicação da Lei 14.510/22, em 28 de dezembro do ano passado, a telessaúde foi regulamentada no Brasil, tendo sua prática autorizada tanto no sistema público quanto no sistema privado.

A medida tramitava no Ministério da Saúde muito antes da pandemia de Covid-19: desde 2007, sendo pensada como alternativa que aumentaria o acesso da população ao atendimento de saúde básica no SUS. Foi só depois da pandemia, no entanto, que a lei cobriu também a iniciativa privada e finalmente trouxe mais segurança jurídica para a oferta de serviços a distância com a saúde digital no Brasil.

Cada um no seu quadrado

A telessaúde abrange não apenas os médicos inscritos no Conselho Regional de Medicina, como também todos os profissionais de saúde regulamentados pelos órgãos competentes do Poder Executivo federal, como nutricionistas, psicólogos, fonoaudiólogos, dentistas, entre outros. Agora, eles podem prestar serviços de saúde a distância de forma legalizada.

“A telemedicina é exclusivamente médica, enquanto a telessaúde inclui todos os profissionais da saúde, sendo que cada conselho, como o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), deve fazer sua lição de casa para manter a qualidade dos serviços prestados”, explica o Professor Dr. Chao Lung Wen, Chefe da Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP.

Saúde digital no Brasil: um caminho sem volta

“Trabalho com telemedicina há 25 anos e posso afirmar que ela é irreversível. Não porque seja melhor do que a medicina tradicional, mas sim porque a sociedade mudou e está mudando de forma tão ágil que a medicina tem que acompanhar essa evolução tecnológica que caminha pela hiperconectividade”, afirma o Prof. Dr. Chao.

Ele sugere que a expressão “telemedicina” dê lugar a “medicina conectada”. Na verdade não é uma medicina a distância. É, sim, uma medicina sem distância, da mesma forma como os bancos foram conectados com internet banking e os dados bancários com o open banking.

Tratamento humanizado é o que coloca o paciente no centro

É errado achar que a teleconsulta vai substituir o atendimento presencial. Na verdade, ela funciona como um complemento. Na maioria dos casos, a teleconsulta vai servir para acompanhamento crônico e monitoramento, auxiliando na logística do acompanhamento do paciente.

“O médico tem autonomia completa na decisão de escolher adotar ou não a telemedicina, cabendo a ele indicar a consulta presencial sempre que considerar necessário. É o médico que vai escolher o que é melhor para o seu paciente, criando uma relação muito importante de confiança. Ao colocar o paciente no centro de tudo e focar em oferecer uma boa experiência, mantemos o atendimento humanizado”, afirma Lasse Koivisto, CEO da Prontmed. Trata-se de uma das principais healthtechs do Brasil com foco na inteligência de dados para o mercado de saúde.

Além disso, é obrigatório que o profissional de telessaúde passe por uma capacitação sobre temas como bioética, responsabilidade digital, segurança digital e Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Vantagens da telessaúde

Um estudo feito pela American Medical Association (AMA) mostra que 75% das visitas a serviços médicos regulares ou de emergência são desnecessárias. Por meio de plataformas digitais, essas consultas poderiam ser feitas a distância de forma mais segura, eficaz, barata e acessível, poupando recursos.

A saúde digital reduz desperdícios, aumenta a eficiência e o acesso ao tratamento. Ela pode causar uma diminuição na reinternação desnecessária em hospitais e nos números de dias de internação desnecessários, por exemplo.

“A telessaúde é um método que, se usado corretamente, poupa tempo, o que em saúde é extremamente valioso — afinal, o ganho de tempo para processos clínicos tem valor muito além da economia financeira”, diz  o Dr. Caio Seixas Soares, Presidente da Saúde Digital Brasil, Cofundador e Diretor Médico da Teladoc Health.

“Imagine um paciente que entra no sistema de saúde porque tem uma lesão de pele, por exemplo. Se ele demorar 6 meses para ser atendido, consultado e diagnosticado, e acabar sendo um melanoma, o desfecho clínico é muito diferente do que se resolvesse tudo isso em poucas horas, o que é possível com o auxílio da teledermatologia”, ilustra o Dr. Caio.

O futuro da saúde

“A telemedicina é algo do passado; e não do futuro. Agora, estamos discutindo como vamos preparar o ambiente para 2030”, afirma o Dr. Caio, citando como exemplo a pandemia de doenças mentais que acompanhou a pandemia de Covid-19, deixando um rastro de transtornos pós-traumáticos com bilhões de pacientes afetados. 

Segundo ele, a melhor abordagem para se tratar essa questão é a combinação entre telepsicologia e a telepsiquiatria, oferecendo um acompanhamento multiprofissional que esteja disponível em vários formatos.

Além de democratizar o acesso ao tratamento (via teleconsultas), a saúde digital permite um acompanhamento mais próximo e um cuidado mais coordenado. Empresas e equipes de saúde podem acompanhar um paciente a distância com diferentes interações. Elas podem coletar dados que permitem um olhar mais acurado sobre a população. Como consequência, estando mais presentes em muito mais momentos, conseguem levar um cuidado mais humanizado a quem precisa.

Contudo, o setor precisa embarcar de fato na transformação digital da saúde. É preciso entender que o conceito de saúde digital vai muito além do atendimento e inclui todas as possibilidades de acompanhamento e engajamento do paciente. Isso sem contar a gestão e integração de dados clínicos e prontuários, portabilidade de dados entre diferentes empresas de saúde e integração do cuidado.

“Temos grandes caminhos, um grande futuro para a saúde digital no Brasil, mas ela precisa de gente pensando em inovação e melhorias. Tem muita coisa para fazer e, se estivermos unidos e trabalhando juntos, vamos conseguir. Com resolução, parcerias e compartilhamento de ideias — fazer a saúde evoluir no país”, conclui Lasse.

Quer saber mais sobre os caminhos da saúde digital no Brasil? Assista ao nosso webinar gratuito!

Não perca a oportunidade de saber mais sobre o caminho da saúde digital no Brasil! Inscreva-se gratuitamente e assista à gravação do webinar “Regulamentação da Telemedicina: Tendências e Perspectivas para Gestores de Saúde”. O evento teve mediação do Diretor Médico da Nilo Saúde, Claudio Tafla, e participação dos especialistas Prof. Dr. Chao Lung Wen, Chefe da Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da FMUSP e Membro da Câmara Técnica de Informática em Saúde do CFM, Lasse Koivisto, CEO e Sócio da Prontmed; e Dr. Caio Seixas Soares, Presidente da SDB (Saúde Digital Brasil) e cofundador e Diretor Médico da Teladoc Health.

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